20.3.13

E se me morreres?



O destino pode ser-nos triste.
Pode não brilhar como brilhavam os nossos olhos.
Pode desiludir-nos com perdas e fracassos.
Podemos perder-nos um do outro.
Ou perdermo-nos um ao outro.
Podemos não conseguir conquistar a história que escrevemos.
Podemos correr ao seu encontro e não medrarmos pelo caminho.
Podemos desejar aquele encontro feliz, com esse destino anónimo, e ele não se dar.
Imaginarmos um trilho sem rugas e afinal ser rude e injusto.
Talvez até possamos ver-nos juntos numa vida plena de alegrias.
Mesmo sabendo que as alegrias cessam quando a vida avança.
Que se perdem os sonhos bons.
E se perdem todos os outros sonhos sem nome.
Perde-se o destino e cai-se no chão.
E se me perder de ti?
Saberei continuar a caminhar por esse destino fora?
Se um dia me faltares vai doer-me como se a morte me sorrisse.
E eu não vou querer obedecer-lhe e desistir.
Não vou querer que adormeças e nunca mais acordes.
Não vou querer ouvir o sopro que te levará.
Não seguirei de pernas firmes se me falhares.
Vou agarrar-te nos ombros e sacudir-te.
Dar-te um abanão do tamanho do amor que te sinto.
Vou exigir-te que voltes a mim e me peças perdão.
E se um dia me morreres?
Que será de mim se nunca mais acordares?
Não conseguirei mais que deitar-me sobre as nossas recordações.
Fecharei os olhos com força e deixarei as lágrimas escaparem-se.
Vou desejar que me leves em braços quentes até ao teu peito.
Não vou mais querer acordar.

E se me morreres?
Chamas-me para junto de ti?




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